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Defesa de SAULO COSTA VAL DE GODOI

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Usuários e Projetistas: Prática, Experiência e Percepção

 

A presente pesquisa pretende analisar a ligação entre projeto e produção através da interação entre duas práticas: a prática operacional e a prática projetual. Por “prática operacional”, nos referimos à habilidade de operar, supervisionar e manter sistemas tecnológicos. Por “prática projetual”, nos referimos à habilidade de se projetar tais sistemas. Ambas são distintas e importantes para o processo produtivo, embora possuam status e visibilidade muito diferentes. A prática projetual tende a ser reconhecia e valorizada; a prática operacional tende a ser invisível e preterida em relação à primeira. O encontro entre ambas ocorre no dia a dia da produção em plantas industriais, no momento em que os usuários – operadores – precisam lidar com artefatos tecnológicos que são projetados pelos projetistas para eles operarem. Quando o inesperado acontece e máquinas e tecnologias não funcionam como esperado, um conflito entre os representantes de ambas as práticas pode ocorrer. O conflito pode ainda ser intensificado se o processo de criação desses artefatos tiver ocorrido de forma “descendente” (Bastos; Lima, 2005) – ou seja: sem uma integração entre usuários e projetistas, havendo apenas um monopólio dos projetistas na tomada de decisões (Garrigou, 1995). O caso que analisamos traz justamente esse contraste: inicialmente, uma tecnologia industrial, construída de forma descendente, apresenta uma falha em seu funcionamento que traz a necessidade de reprojetá-la. A falha produz, forçadamente, uma mudança de concepção que dá visibilidade à prática operacional. Em função disso, uma nova estratégia é adotada para o reprojeto: integrar usuários e projetistas e propiciar discussões e negociações sobre os aspectos técnicos da nova tecnologia, em um processo denominado de “design participativo” (Garrigou, 1995; Daniellou, 2005; Lima, 2014). Este trabalho pretende narrar esse estudo de caso e analisar suas implicações: como foi possível, no caso estudado, unir atores – operadores e projetistas – com perspectivas e percepções diferentes e projetar uma tecnologia que incluísse as colaborações de ambos? Como um acidente industrial pôde gerar uma mudança cultural dentro de uma empresa? Que estruturas sociais e históricas perpassam a questão da relação entre a prática operacional e projetual? Como atuar em um cenário no qual representantes de diferentes práticas divergem tecnicamente? Em suma, este trabalho pretende analisar a interação entre operadores e projetistas através do contraste entre dois métodos distintos de projetar: o descendente e o participativo.

 

30/06/2015

15:45

sala 1010, Escola de Engenharia

Defesa de SAMIRA NAGEM LIMA

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O PROCESSO, A ENGENHARIA E O OPERADOR: CONFLITOS INTERPROFISSIONAIS NO CONTROLE DE PROCESSOS CONTÍNUOS DE PRODUÇÃO

 

Esta dissertação tem como objetivo esclarecer porque a intercompreensão, entre engenheiros e operadores, é um caminho não apenas cheio de obstáculos, mas que segue em direções opostas quando se confrontam suas finalidades. Para isso, investigamos as relações entre a engenharia de processos e a operação a partir de elementos que retratam especificidades da atividade dos operadores, acentuando as diferenças dessas em relação às representações que os engenheiros têm sobre o trabalho de seus subordinados. As análises realizadas foram desenvolvidas no âmbito da atividade concreta (o que os ergonomistas denominam de trabalho real), evidenciando características da atividade dos operadores de controle de processos contínuos. Nossa hipótese é que determinadas características dessa atividade são objetivamente conflitantes com dois aspectos da atividade dos engenheiros: (1) o desenho e controle do processo de produção (quando atuam sobre o processo) e (2) o projeto do trabalho dos operadores (quando definem normas e procedimentos operatórios que os operadores devem seguir). Essa hipótese de dissonância entre a atividade do operador e a do engenheiro e entre as visões que as pessoas têm da própria atividade e da atividade do outro fala em apenas dois aspectos da atividade do engenheiro porque o trabalho real desses atores, enquanto trabalhadores que também são, não foi objeto de análise direta, baseada em observações e variáveis comportamentais, com a riqueza de detalhes como foi analisada a atividade dos operadores. Portanto, essa dissertação não se colocará no âmbito da discussão de relação de poderes por si só, mas sim da explicitação “técnica” das razões por detrás dessa falta de intercompreensão. Desse modo, ela contribui para evitar que aqueles que utilizam o poder do cargo para valorizar a sua visão, não o façam somente porque acreditam estarem corretos e sim por motivos atitudinais. No final, o objetivo do engenheiro é apenas um: manter o processo de produção sob controle, quer atuando diretamente sobre o projeto do processo (projeto de equipamentos, parametrização do processo, balanço de massas...), quer “parametrizando” a ação dos operadores, isto é, desenhando as tarefas em diferentes níveis de detalhamento. Os trabalhadores aparecem, assim, como mais um elemento do processo de produção, o qual, como todos os outros (equipamentos, processos, materiais, planejamento...), acaba sendo tratado dentro de um mesmo modelo, que desconsidera as especificidades da atividade dos operadores, em especial o que é a vigilância de um processo contínuo de produção.

 

30/06/2015

13:30

sala 1010, Escola de Engenharia

Qualificação de MICHAEL DAVID DE SOUZA DUTRA

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Roteamento de Veículos na Movimentação de Recursos entre Canteiros de Obras

 

Aplicações reais na América do Norte e na Europa têm mostrado que o uso de sistemas informatizados para o planejamento do processo de transporte de distribuição de mercadorias produziram uma economia significativa nos custos totais de transporte. Assim, uma empresa que utiliza a malha viária, constantemente, começa a ter gastos significativos, não só de combustível, mas de vários fatores que afetam o custo do transporte rodoviário. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é resolver um problema real de transporte de uma empresa no Brasil. Este problema se aproxima de um problema de roteamento de veículos com coleta e entrega, múltiplos depósitos, múltiplos recursos e múltiplos veículos capacitados. Para tratá-lo, por conseguinte, no presente trabalho, revisamos uma resolução através de um método híbrido de duas fases, onde a primeira fase é uma heurística e a segunda um método exato, mais especificamente, uma decomposição de Benders sobre um problema de roteamento de veículos com coleta, entrega e veículos capacitados. Propomos um modelo integrado para o problema e comparamos o tempo de CPU do CPLEX para algumas instâncias de Solomon modificadas. Os resultados indicaram que é necessário outros métodos para se existir uma viabilidade real de resolução do problema.

 

30/06/2015

10:00

sala 1092, Escola de Engenharia

Qualificação de JAQUELINE MEDEIROS FARAH

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COMPLEMENTARIDADE DAS ABORDAGENS QUANTITATIVAS E QUALITATIVAS NA RESOLUÇÃO DE UM PROBLEMA NA INDÚSTRIA: implicações da experiência prática no desempenho do modelo estatístico

 

A dissertação proposta é sobre a complementariedade (PIDD, 2014) das abordagens metodológicas qualitativas e quantitativas na resolução de um problema na indústria. Discute-se como a experiência prática, que subsidia a análise qualitativa, pode influenciar na análise quantitativa. Para tanto, é dado prosseguimento a estudo realizado, nos anos de 2012 e 2013, em planta industrial produtora de ferro níquel. Na ocasião, foco era solucionar um problema prático, verificado na Área do Refino, cujas causas não eram claramente conhecidas ou socialmente acordadas. Portanto, buscou-se recuperar a experiência prática dos trabalhadores, heterogeneamente distribuída, para se chegar a uma solução aceitável. Para isso, foram construídos dois modelos: o primeiro, qualitativo, que consistiu em um mapa cognitivo – a representação gráfica da representação mental que o pesquisador constrói a partir das representações discursivas formuladas por um sujeito ou grupo sobre um objeto (COSSETTE; AUDET, 1992). Nele foram representadas as hipóteses formuladas pela equipe da área sobre as causas do problema; e o segundo, quantitativo, construído através da técnica estatística de regressão linear múltipla (MONTGOMERY; PECK, 1992), propício para analisar problemas com várias causas possíveis. Através dele foram testadas as hipóteses representadas no primeiro. Contudo, a validação do modelo quantitativo mostrou-se um aspecto crucial e impeditivo ao alcance da finalidade pretendida. Transcorridos quase dois anos do encerramento da investigação, ocorreram mudanças na planta, tanto em sua estrutura organizacional, quanto nos processos produtivos das áreas. O alcance da meta de produção evidencia o amadurecimento do processo, decorrente da aprendizagem das equipes. Acerca do problema, verifica-se um maior entendimento por parte dos envolvidos e, inclusive, o refinamento das hipóteses sobre suas causas. Desse modo, configuram-se dois contextos distintos, o primeiro, em 2012-2013, e o segundo, em 2015. A partir da atualização dos modelos existentes, serão comparados os resultados obtidos nesses dois contextos. Isso no que tange a validação dos modelos quantitativos, considerando-se critérios qualitativos e quantitativos. Pretende-se demonstrar empiricamente que o êxito da modelagem quantitativa, em grande medida, depende de uma adequada modelagem qualitativa, proporcionada pela experiência prática. A dissertação em desenvolvimento situa-se na área de Estudos Sociais da Ciência e da Expertise. Devido às especificidades do problema, que requer análises de cunho quantitativo e qualitativo, bem como pelas necessidades originadas no andamento do estudo, recorre-se às noções de modelo e validação encontradas na modelagem, da Pesquisa Operacional (PO), de suas vertentes tradicionais, quantitativas (hards), e interpretativas, qualitativas (softs).

 

30/06/2015

08:00

sala 1093, Escola de Engenharia