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Qualificação de MARCELO ALVES DE SOUZA

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Análise de Sistemas Sociotécnicos de Reciclagem de Resíduos Sólidos Urbanos: avaliação antropotecnológica da eficiência das Centrais de Triagem Mecanizadas

 

Os complexos urbanos na modernidade, aliados ao crescimento populacional, principalmente nas grandes metrópoles, colocam inúmeros desafios que os gestores públicos devem ser capazes de responder. Um desses problemas é a questão do lixo, que é agravada pelo consumismo e pela economia linear (extração de recursos naturais não renováveis, transferência/produção, uso e descarte), características marcantes e estruturantes do atual sistema econômico.
O Brasil vivencia um novo marco regulatório para a gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU), estabelecido pela Lei nº 12.305/10 (Política Nacional de Resíduos Sólidos). Esse marco estabelece, dentre outras diretrizes, a gestão e o gerenciamento de todo resíduo sólido passível de reutilização, reciclagem e tratamento, recomendando a disposição final ambientalmente adequada apenas dos rejeitos. Além disso, através de vários de seus artigos (Art. 7º, Art. 11, Art. 17, Art. 19 e Art. 40), versa sobre a priorização dos catadores e de suas organizações como principais agentes dos sistemas de gestão integrada de RSU, baseada na premissa do resíduo sólido como bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania. Esse cenário almejado é bastante distante da realidade da maior parte das cidades brasileiras e do mundo hoje, e para as grandes metrópoles ainda mais, devido à altíssima geração de resíduos nesses contextos. Diversas tecnologias estrangeiras se apresentam como solução para o problema da escala, mas o conjunto de fatores sociotécnicos envolvidos na implantação de uma nova tecnologia deveria ser bem analisado antes do projeto das soluções, para se ampliarem as chances de sucesso. Porém, tendências de replicação, balizadas na crença da universalidade dos modelos e das tecnologias, prevalecem nos processos de transferência de tecnologia, e representam perigos para a efetivação prática das promessas de eficiência e eficácia dessas soluções.
Esse trabalho discorre sobre o caso da recente implantação de Centrais Mecanizadas de Triagem (CMT) de RSU em uma grande cidade brasileira, e procura investigar os principais elementos que influenciam no funcionamento (ou não funcionamento) dessa estratégia para gestão de RSU. Analisa ainda outra CMT, com escala de produção e funcionamento mais ou menos similares às brasileiras, integrante do mundialmente reconhecido programa Zero Waste da cidade de São Francisco, na Califórnia, no intuito de identificar tanto os elementos apreendidos nos quase quinze anos de funcionamento que garantem bons índices de eficiência quanto as suas principais dificuldades e limitações. Pretende-se com esse trabalho o estabelecimento de importantes bases referenciais, teóricas e empíricas, a partir de experiências práticas, que poderão orientar estudos sobre as alternativas de gestão capazes de resolverem ao mesmo tempo o problema da escala crescente da quantidade de resíduos gerada nas cidades e da inclusão sócio-econômica de catadores de materiais recicláveis.

 

31/08/2015

14:00

sala 1010