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Defesa de MICHELLE KARINE FIGUEIREDO

Ligado . Publicado em Defesas

PERCEPÇÃO ALÉM DA COGNIÇÃO:
Experiências por Detrás das Telas de uma Sala de Controle

 

As últimas décadas foram marcadas por um aumento significativo de atividades realizadas por meio de sistemas informatizados e, como consequência, ocorreram mudanças na forma de realização do trabalho, pois, o trabalhador, antes imerso no “chão de fábrica” e em contato real com o campo, é levado para salas de controle, onde opera e monitora máquinas, equipamentos e processos que estão a quilômetros de distância. Essa nova configuração do trabalho atraiu o interesse de pesquisadores de diversas áreas que se interessaram em investigar e entender as ações e percepções dos trabalhadores nesse âmbito “virtual”. De acordo com grande parte desses estudos, a informatização do trabalho modificou profundamente a forma com que os trabalhadores se relacionam com o objeto de sua atividade, privilegiando, dessa forma, o desenvolvimento de habilidades intelectivas no lugar de corporais, estendendo a capacidade de cálculo e memória dos trabalhadores e gerando novos questionamentos sobre a necessidade de regular a carga de trabalho cognitiva de modo a evitar acidentes e melhorar a produtividade. Sendo assim, essas pesquisas compreendem o trabalho informatizado como uma atividade prevalentemente cognitiva, onde os problemas são resolvidos por meio do pensamento analítico de forma similar a um programa de computador e onde é possível otimizar a criação de interfaces gráficas de modo a compatibilizar as tarefas e as capacidades intrínsecas da mente do trabalhador. O presente estudo questiona essa visão predominantemente cognitivista através do estudo de inspiração etnográfica das práticas de trabalho de uma sala de controle de uma companhia energética no Estado de Minas Gerais, onde se controla, remotamente, usinas hidrelétricas e subestações. Para analisar esse caso empírico, esse estudo se baseou na Fenomenologia da Percepção de Merleau-Ponty e no conceito de expertise intuitiva proposto por Hubert e Stuart Dreyfus. A partir dessa análise, esse estudo argumenta que mesmo em uma atividade totalmente informatizada, as ações e percepções dos trabalhadores experientes não são aspectos que acontecem de maneira lógica e analítica como pressuposto pelos cognitivistas. Por outro lado, observou-se que devido a experiências práticas, as habilidades tornam-se incorporadas e o trabalhador é capaz de perceber com significado e agir de maneira fluida, por meio do corpo e sem deliberações racionais. Com essa proposta, esse estudo mostra que os operadores da sala de controle, ao incorporar as interfaces informatizadas em seu campo fenomenológico (i.e. absorver através de seu corpo essa experiência) eles são capazes de perceber “além” das telas do computador. Entender que é por meio de experiências práticas incorporadas que os trabalhadores desenvolvem expertises pode contribuir positivamente para melhorar a forma como as organizações encaram a relação humano-máquina e, com isso, atualizar a maneira como são propostos os treinamentos e formuladas as regras e interfaces gráficas que

 

26/03/2015

14:00

Sala de seminários

Anexos:
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