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Defesa de SAMIRA NAGEM LIMA

Ligado . Publicado em Defesas

O PROCESSO, A ENGENHARIA E O OPERADOR: CONFLITOS INTERPROFISSIONAIS NO CONTROLE DE PROCESSOS CONTÍNUOS DE PRODUÇÃO

 

Esta dissertação tem como objetivo esclarecer porque a intercompreensão, entre engenheiros e operadores, é um caminho não apenas cheio de obstáculos, mas que segue em direções opostas quando se confrontam suas finalidades. Para isso, investigamos as relações entre a engenharia de processos e a operação a partir de elementos que retratam especificidades da atividade dos operadores, acentuando as diferenças dessas em relação às representações que os engenheiros têm sobre o trabalho de seus subordinados. As análises realizadas foram desenvolvidas no âmbito da atividade concreta (o que os ergonomistas denominam de trabalho real), evidenciando características da atividade dos operadores de controle de processos contínuos. Nossa hipótese é que determinadas características dessa atividade são objetivamente conflitantes com dois aspectos da atividade dos engenheiros: (1) o desenho e controle do processo de produção (quando atuam sobre o processo) e (2) o projeto do trabalho dos operadores (quando definem normas e procedimentos operatórios que os operadores devem seguir). Essa hipótese de dissonância entre a atividade do operador e a do engenheiro e entre as visões que as pessoas têm da própria atividade e da atividade do outro fala em apenas dois aspectos da atividade do engenheiro porque o trabalho real desses atores, enquanto trabalhadores que também são, não foi objeto de análise direta, baseada em observações e variáveis comportamentais, com a riqueza de detalhes como foi analisada a atividade dos operadores. Portanto, essa dissertação não se colocará no âmbito da discussão de relação de poderes por si só, mas sim da explicitação “técnica” das razões por detrás dessa falta de intercompreensão. Desse modo, ela contribui para evitar que aqueles que utilizam o poder do cargo para valorizar a sua visão, não o façam somente porque acreditam estarem corretos e sim por motivos atitudinais. No final, o objetivo do engenheiro é apenas um: manter o processo de produção sob controle, quer atuando diretamente sobre o projeto do processo (projeto de equipamentos, parametrização do processo, balanço de massas...), quer “parametrizando” a ação dos operadores, isto é, desenhando as tarefas em diferentes níveis de detalhamento. Os trabalhadores aparecem, assim, como mais um elemento do processo de produção, o qual, como todos os outros (equipamentos, processos, materiais, planejamento...), acaba sendo tratado dentro de um mesmo modelo, que desconsidera as especificidades da atividade dos operadores, em especial o que é a vigilância de um processo contínuo de produção.

 

30/06/2015

13:30

sala 1010, Escola de Engenharia