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Defesa de Dissertação de MARCELLE LA GUARDIA LARA DE CASTRO

Ligado . Publicado em Defesas

Quando as luzes não se apagam... A gestão coletiva dos riscos na manutenção em rede energizada

 

Com a redução do quadro próprio, uma alternativa surge em uma concessionária de energia para adequar as equipes que realizam a manutenção em rede energizada da média tensão de distribuição elétrica, as chamadas equipes de Linha Viva (LV): introduzir uma nova organização do trabalho com as “duplas”. Hoje, a manutenção é realizada por equipes com no mínimo três integrantes, mas um estudo realizado pela engenharia, setor de treinamento e eletricistas da empresa concluiu pela viabilidade de realização de serviços com dois integrantes. Uma controvérsia que divide o nível operacional e gerencial (e também os próprios eletricistas) permanece viva na empresa. De um lado, atores afirmam que é tecnicamente possível sua realização; e, do outro, eletricistas afirmam que as duplas irão afetar a saúde e a segurança dos profissionais. A pesquisa em tela tem como objetivo investigar os elementos em jogo nas (im)possibilidades das duplas de LV, partindo-se dos argumentos dos eletricistas que trabalham na LV e dos argumentos dos gestores e técnicos a respeito dessa nova forma de organização, colocando-se a atividade dos eletricistas no centro da análise. Uma pesquisa-ação foi proposta no intuito de encontrar os primeiros passos para uma investigação pautada nas condições reais de trabalho, que faça emergir elementos que ajudem a intervir no impasse. A Pesquisa-ação, a Grounded Theory (GT) e a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) estão entremeadas como sustentação metodológica e teórica. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, observações gerais e sistemáticas, autoconfrontações e grupos de validação, em que participaram técnicos e eletricistas de duas bases da empresa. A análise da atividade permitiu qualificar melhor os pressupostos da controvérsia e, dessa forma, encaminhar o debate para uma resposta intermediária: as duplas são tecnicamente possíveis, mas sob determinadas condições. Identificamos uma primeira pista para debate com o papel central do coletivo na gestão dos riscos e da complexidade no trabalho com a rede energizada. A cooperação e a confiança frente à complexidade situada das tarefas tiveram lugar central em nossa análise. É preciso assegurar que as regulações realizadas pelos eletricistas em campo, para amortecer a distância entre o prescrito e o real, ainda permanecerão presentes nesta nova organização. Com o mergulho nas situações micro, pudemos observar três principais condições: assegurar a capacidade física e mental dos eletricistas (tanto do executante quanto da supervisão no solo); promover as condições necessárias para a estruturação, manutenção e desenvolvimento do coletivo, compatíveis com as exigências cognitivas e afetivas do conteúdo das tarefas; definir a complexidade de modo que se consiga alcançar os elementos dinâmicos da situação em interação com a equipe (e não apenas da tarefa ou do executante isolado).

 

29/08/2016

14:00

sala 3502, Escola de Engenharia